Em 2015 foram publicados trials na New England jornal of Medicine confirmando a superioridade da trombectomia com stenttriever sobre o tratemento com trombolítico isolado com NNT de apenas 2,5 para se obter qualquer melhora neurológica, sendo superior inclusive ao benefício do uso do antibiótico para prevenção da mortalidade por sepse que tem NNT = 4. Esses acunhados happy trials levaram a validação na trombectomia como tratamento do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico agudo na condição de se haver parênquima viável ( ASPECTS ≥ 6), janela até 6 horas e oclusão de grande vaso comprovado por angioTC ou angioRM com nível de evidência 1A . Em janeiro de 2017 foi publicadas as recomendações brasileiras para AVCI agudo com ativa participação dos membros da SBNR em conjunto com a Sociedade de Doença Cerebovascular (SBDCV), validando a indicação da trombectomia como tratamento nível 1A no Brasil.
O grande desafio atual continua sendo estruturar o tratamento clínico do AVCI orientação da população e organização dos fluxos hospitalares e pré-hospitalares para que possamos assistir esses em pacientes em janela a mais precoce possível, sem esquecer, é claro, o imperativo cuidado clínico tanto pós-tratamento (rtpa IV e trombectomia) quanto na grande maioria de pacientes que não serão candidatos ao tratamento endovascular ( 95 % nos centros de referencia) por meio de com unidades de AVC. No que tange a oferecer a trombectomia no SUS que assiste 85 % dos pacientes podendo chegar a 90-95 % em áreas menos favorecidas, observamos que no ano de 2015 e 2016 foram realizados em média 80 trombectomias para uma população alvo com AVCI decorrente de oclusão de grandes vaso de aproximadamente 15% de todos os AVCI , que nos remeteria a cerca de 21.000 mil pacientes/por ano.
Com vistas a que a trombectomia passe a ser incluída no rol de procedimentos ofertados pelo SUS , o Ministério da Saúde patrocina um projeto piloto para demonstrar que o tratamento endovascular para o AVCI pode ser exequível dentro da realidade de um país em via de desenvolvimento, além de demonstrar bem como se seria custo-efetivo, além de customizar as condições mínimas (plataforma tecnológica, recurso humanos…) para um hospital ser credenciando para realizar tal procedimento. Após superação de hercúleos desafios, finalmente o RESILIENT começou!!!
Em 2017, iniciou-se a fase de roll-in nos seguintes hospitais (HC da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Hospital de Base de Brasília, Hospital das Clínicas de Curitiba e Hospital Geral de Fortaleza), tendo sido incluídos no total de 25 pacientes, sendo que a partir de fevereiro o Hospital Geral de Fortaleza iniciou a randomização, já tendo incluídos 11 pacientes. A despeito da pequena amostra, no subgrupo de pacientes randomizados ( 8 trombectomias e 4 clínicos) os resultados se mostram promissores. No que tange ao fluxo pré-hospitalar e hospitalar se observaram excelentes indicadores de qualidade com tempo mediano: ictus- porta de 225 minutos; porta-Tc= 17 minutos; porta-rtpa= 27 minutos; ATC-punção= 42 minutos; punção-TICI 3= 36 minutos.
No que diz respeito ao resultado angiográfico foram obtidos uma boa reperfusão em 84,6 % dos casos (TICI 2b: 23,1%; TICI 3 61,5 %), melhora significativa com trombectomia ( > 8 pontos) em 5/8 casos ( 62%). A despeito de um numero pequeno , apreende-se que os tempos e resultados neuro-imaginológicos / clínicos vem retratando o que demostra os estudos que utilizaram o mesmo critério de seleção por imagem (REVASCAT E MR CLEAN) vide tabela abaixo. Que venham mais casos, tudo indica que nós também podemos fazer bem as trombectomias e cuidar adequadamente desses pacientes de forma que teremos resultados em conformidade com o que se realiza em níveis internacionais.