Raquel Ribeiro Batista e Renata Cochinski
INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva
Paciente do sexo feminino, 55 anos, com anemia grave e biópsia de medula óssea compatível com leucemia aguda, referindo dor intensa na coluna torácica de início há 5 dias, sem trauma associado.
DESCRIÇÃO DAS IMAGENS
As imagens sagitais da (a) coluna torácica e (b) coluna lombar ponderadas em T1mostram hipossinal difuso das vértebras, provavelmente secundário à infiltração pela doença de base. (c) A imagem sagital ponderada em T2 destaca área hiperintensa de morfologia geográfica, bem delimitada, ocupando a porção anterior dos corpos vertebrais dorsais de D6 a D12, lombares de L3 a L5 e sacrais de S1 a S3 (setas). (d) A imagem ponderada em T1 após a adminstração de gadolínio não evidencia captação de contraste nas áreas correspondentes (setas).
INFARTO ÓSSEO VERTEBRAL
- Infarto do osso esponjoso do corpo vertebral secundário à doença sistêmica ou patologia aórtica, podendo haver ainda comprometimento da medula espinhal. Embora infartos da medula óssea frequentemente afetem as extremidades, vértebras e esterno, os infartos podem ocorrer em qualquer parte do esqueleto.
- Não é sinônimo de osteonecrose vertebral (doença de Kümmell).
Apresentação clínica:
- Clinicamente, infartos ósseos agudos podem ser acompanhados por dor aguda, sensibilidade localizada, edema, eritema, febre e leucocitose. Esses sinais e sintomas podem mimetizar a osteomielite.
Aspectos de imagem:
- RM mostra alteração de sinal de morfologia geográfica bem definida, que tende a envolver o terço anterior/metade anterior do corpo vertebral. Imagens ponderadas em T2 tendem a exibir sinal aumentado nas regiões acometidas, com transição abrupta para o sinal normal da medula. As imagens ponderadas em T1 após administração de contraste venoso não mostram impregnação pelo gadolínio nas áreas afetadas do corpo vertebral. É raro o envolvimento de elementos posteriores.
- Principais diagnósticos diferenciais:
O infarto ósseo vertebral pode ser secundário a:
- Doenças sistêmicas subjacentes (anemia falciforme, leucemia mieloide aguda, leucemia linfoide aguda, lúpus, linfoma, transplante com doença do exerto vs. Hospedeiro),
- Doença aórtica (dissecção, cirurgia de aorta abdominal)
- Infiltração da medula por doença metastática
- Infecção granulomatosa ou fúngica
Literatura recomendada:
– Watanabe M, Saito N, Nadgir RN, Liao JH, Flower EN, Steinberg MH, Sakai O. Craniofacial bone infarcts in sickle cell disease: clinical and radiological manifestations. J Comput Assist Tomogr. 2013 Jan-Feb;37(1):91-7. doi: 10.1097/RCT.0b013e3182752967. PMID: 23321839.
– Monika BF, Sylwia SP, Anna RD, Hanna B, Agnieszka D. MR images of bone lesions in children treated due to leucemia. Pol J Radiol. 2011 Jan-Mar; 76(1): 68–72.
– William TCY, Eugene M, Angela KW, James WR, Francis C, Timothy MK, Tony JR. MR Imaging of Spinal Cord and Vertebral Body Infarction. AJNR 13:145-154, January/February 1992
Uma prévia do próximo caso: