Autores:
Luis Alcides Quevedo Canete¹
Romulo Varella de Oliveira¹
Guilherme Robbs Bernardes¹
1- Hospital São Lucas – DASA-RJ
Paciente do sexo feminino, 36 anos, refere que ao acordar percebeu redução de força e parestesia em dimídio esquerdo. cefaléia frontotemporal esquerda e nauseas. Ao exame físico discreta paresia facial esquerda, assim como hemiparesia, hemihipostesia hemiataxia hemicoreia/balismo à esquerda. Linguagem preservada. Movimentos distônicos em mãos e pés. Reflexos grau 2 globalmente. Sinal de Babinski em membro inferior esquerdo.
Descrição das imagens
Observa-se extensa área com sinal hiperintenso em FLAIR, apresentando componente central de marcado hipossinal na sequência para susceptibilidade magnética e focos difusão restrita, com realce periférico pelo meio de contraste, acometendo a região tálamo-capsular direita. Há edema perilesional. A fase venosa da angiorressonância demonstra falhas de enchimento nos seios reto e sagital inferior, bem como na veia de Galeno e nas veias cerebrais internas, indicando trombose. Os aspectos são compatíveis com infarto venoso com degeneração hemorrágica.
Trombose venosa cerebral profunda com infarto talâmico unilateral.
- A trombose do sistema venoso profundo (TSVP) constitui cerca de 10% de todos os casos de trombose venosa cerebral (TVC).
- O infarto associado à TSVP é uma entidade bem estabelecida, que geralmente é bilateral e simétrico, acometendo os tálamos, corpos estriados, estruturas da substância branca adjacente e o mesencéfalo superior.
- A TSVP apresentando infarto talâmico unilateral é extremamente rara, existindo apenas alguns relatos de casos na literatura.
- A presença de TSVP tem um prognóstico ruim, porém, a gravidade depende da extensão da trombose e da eficiência da drenagem das colaterais.
Apresentação clínica:
- As manifestações clínicas da TVSP podem ser complexas e inespecíficas.
- Podem apresentar sintomas como cefaléia, náuseas e vômitos, déficits neurológicos focais, hemiparesia, afasia, convulsões, coma e até levar ao óbito.
- Os sintomas clínicos predominantes foram cefaleia de início subagudo, alteração do sensório e hemiparesia.
Aspectos de imagem:
- Tomografia Computadorizada:
- Hipodensidade na região do tálamo, gânglios da base e substância branca adjacente.
- As estruturas venosas profundas como a veia cerebral interna, veia de Rosenthal, veia de Galeno, bem como os seios reto, sagital inferior e confluências dos seios podem apresentar-se hiperdensas.
- Nos casos de transformação hemorrágica podem ser observadas áreas hiperdensas de permeio à lesão.
- A angiotomografia demonstra as falhas de enchimento nas estruturas venosas profundas, indicando trombose.
- Ressonância Magnética:
- A área de isquemia e de edema vasogênico relacionada à trombose das veias profundas aparecem hiperintensas em T2/FLAIR e hipointensas em T1.
- Nos casos de transformação hemorrágica podem ser observadas áreas hiperintensas em T1 e com sinal marcadamente hipointenso nas sequências para susceptibilidade magnética.
- A fase venosa da angiorressonância mostra as falhas de enchimento nas estruturas venosas profundas, compatíveis com trombose venosa profunda.
- Ao estudo perfusional pode ser observado uma redução da perfusão na topografia da lesão por congestão/isquemia.
Principais diagnósticos diferenciais: lesões talâmicas unilaterais.
- Infartos talâmicos de origem arterial.
- Lesões tumorais: germinomas, gliomas, neurocitomas.
- Hemangiomas cavernosos.
Leitura recomendada:
1. Herrmann Karin A., Bernd Sporer and Tarek A. Yousry. “Thrombosis of the Internal Cerebral Vein Associated with Transient Unilateral Thalamic Edema: A Case Report and Review of the Literature.” AJNR Am J Neuroradiol 25, no. 8 (September 1, 2004): 1351-1355.
2. Menon D, Sarojam MK, Gopal R. Unilateral Thalamic Infarct: A Rare Presentation of Deep Cerebral Venous Thrombosis. Ann Indian Acad Neurol. 2019;22(2):221-224. doi:10.4103/aian.AIAN_488_17
Uma prévia do próximo caso: